segunda-feira, 14 de maio de 2012

Geossintéticos aplicados às obras subterrâneas

O Brasil passa por um momento de crescimento dos investimentos em infraestrutura. Um dos focos desses investimentos é o metrô. São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza são exemplos de cidades que estão expandindo sua malha metroviária. Cresce também o uso dos geossintéticos nesse ramo da construção civil. Em obras de metrô, esses elementos são utilizados, principalmente, no controle da água subterrânea. “O principal emprego é a geomembrana, instalada com a finalidade de impermeabilizar túneis e estações”, explica Víctor León, associado da ABMS e consultor na área. “Os geotêxteis também são empregados como elementos de drenagem e filtragem em dispositivos de drenagem”. Foto à esquerda: obras da Linha-5 Lilás do Metrô de São Paulo.

Víctor León lembra que o uso dos geossintéticos vem aumentando nas obras metroviárias do país. Antes utilizados apenas na drenagem de túneis e estações, esses elementos são agora usados como ferramentas na impermeabilização, como já acontece nas estações mais novas do metrô de São Paulo. “No exterior, onde o emprego de geossintéticos em obras metroviárias é mais disseminado, existem mais tipos de geomembranas e geocompostos sendo empregados na impermeabilização de estruturas enterradas”, conta o consultor.

No Brasil, os profissionais ainda precisam ter mais familiaridade com esses elementos, para tornar seu uso cada vez mais eficiente, e conhecer outros tipos de geomembranas. Por isso, Víctor León defende os ensaios, a normatização e a certificação de novos materiais.

O consultor deixa um alerta à comunidade técnica brasileira: “É importante ter a mente aberta para que possamos expandir nosso horizonte de opções. É preciso deixar o projetista, o executor e a proprietária das obras confortáveis com o emprego das novas tecnologias. Para isso, é primordial investir em pesquisa e certificação de novas tecnologias. É um investimento relativamente pequeno e com grande retorno em termos de durabilidade das obras e de conforto do usuário do sistema de metrô”.

A expansão da malha metroviária brasileira foi um tema amplamente debatido no 3º Congresso Brasileiro de Túneis, que aconteceu entre os dias 20 e 22 de março, em São Paulo. O evento, organizado pelo Comitê Brasileiro de Túneis da ABMS, teve a participação de 700 pessoas, entre profissionais, estudantes, acadêmicos e empresários do setor.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Seguro de risco de engenharia na berlinda.

O momento econômico do Brasil é único. O país se prepara para sediar eventos mundiais e, para isso, diversas obras de grande porte começam a sair do papel.
É neste contexto que ganha destaque o seguro de riscos de engenharia, que garante ao construtor cobertura de acidentes ocorridos durante a execução de obras, na instalação e montagem de equipamentos e em quebra acidental ou repentina.
Mas o ramo tem sido alvo de normas que preocupam o mercado, com revisão e complexidade de apólices que podem acarretar em aumento de preços, não cobertura em caso de sinistro e redenção às resseguradoras estrangeiras.
Parte das alterações foi anunciada em janeiro deste ano, quando a Superintendência de Seguros Privados (Susep) publicou a circular 419, cujos
desdobramentos ainda estão sendo debatidos entre advogados, seguradoras e contratantes até hoje.
Segundo Adilson Neri Pereira, sócio do Neri Pereira Sociedade de Advogados, a circular ampliou as coberturas oferecidas, com a inclusão obrigatória, por exemplo, do desentulho, que antes só era contratado por quem achasse necessário.
"A impressão que nos dá é que o resseguro ficará mais caro com a norma e não sei se as seguradoras terão condições de passar ou não isso para o mercado. Pode ser que elas percam rentabilidade ou que as apólices fiquem mais caras", avalia.
Analisando as cifras dos eventos mundiais é possível perceber a importância deste seguro e da discussão. Dados do Ministério dos Esportes mostram que, apenas para a Copa do Mundo de 2014, serão investidos R$ 22,8 bilhões em infraestrutura civil. Só com estádios, serão R$ 5,7 bilhões.
O presidente da corretora de seguros da Odebrecht, Marcos Lima, acredita que "a circular até poderia adotar regras especiais para a proteção dos segurados, mas ao tentar entrar em detalhes acaba intervindo contra os interesses da sociedade civil". A construtora tem contratos para reforma e construção de estádios como Maracanã (Rio de Janeiro), Fonte Nova (Bahia) e Corinthians (São Paulo).
Outras normas, adotadas para seguros como um todo, também têm afetado o ramo de risco de engenharia. São as resoluções do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) 225 e a 232. A primeira trata da obrigatoriedade da seguradora de contratar com resseguradoras locais pelo menos 40% de cada cessão de resseguro em contratos automáticos ou facultativos, quando a expectativa das seguradoras era que não houvesse percentual obrigatório.
A segunda aborda a obrigatoriedade da seguradora local de não transferir ao mesmo conglomerado no exterior 20% dos prêmios correspondente a cada cobertura. Para Lima, isso tem causado alta dos preços dos seguros porque limita a busca por preços mais competitivos no mercado internacional.
As regras visam proteger o mercado brasileiro de resseguros, mas Pereira acredita que seria difícil as seguradoras nacionais terem independência das resseguradoras internacionais, já que os valores movimentados nas obras são muito altos.
"Qualquer seguradora vai ter de negociar esses contratos internacionalmente. É esperado que esses resseguradores, que de fato vão bancar o risco, tenham possibilidade de alterar cláusulas e fazer ajustes às regras internacionais. Está mais nas mãos dos resseguradores, sim, mas não dá para ser diferente", acredita o especialista.
O diretor de grandes riscos da Allianz Seguros, Angelo Colombo, avalia que, após a abertura do mercado de resseguros, em 2007, ficou mais fácil conseguir essa apólice no Brasil porque o mercado tem apetite para o país.
"Não vejo ninguém sem cobertura", diz ele, para quem o preço do mercado está, inclusive, inferior a padrões globais. "Posso dizer que, para obras de usinas eólicas, houve queda de mais de 15% nos últimos quatro anos."
 
 

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O Brasil das falácias!

BRASÍLIA - Ainda não há uma data para que iniciem as obras da ponte sobre o canal de Laranjeiras, na localidade de Cabeçudas, em Laguna. Ontem, representantes catarinenses se reuniram com o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), general Jorge Fraxe. Somente a presidenta Dilma Rousseff (PT) poderá decidir quando a ponte sai do papel.
É possível que na próxima semana haja uma posição sobre as obras. Deverá ser encaminhado pelo Dnit aos ministérios do Planejamento, Fazenda, Transportes e a Casa Civil todos os levantamentos técnicos e de custo sobre a ponte. Os ministros farão um parecer sobre a ponte, mas a decisão de quando começará a ser construída caberá à presidenta.
Para o prefeito de Laguna, Célio Antônio, a ponte sairá do papel, mas a presidenta decidirá quando. Parlamentares catarinenses tentarão, nos próximos dias, agendar uma audiência com Dilma. O governador Raimundo Colombo (PSD) também deve participar. A ideia é sensibilizar a presidenta quanto à importância da execução deste projeto.
“Agora a situação é presidencial, vamos unir forças e ir até a presidenta com os dados técnicos prontos. Nosso assunto com o Dnit encerrou nesta audiência”, destacou o presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Conclusão da BR-101, deputado Ronaldo Benedet (PMDB).
Outros assuntos pertinentes à BR-101, como a licitação para a construção do túnel do Morro do Formigão, não foram abordados na pauta.
Segundo Célio Antônio, o projeto da ponte foi aprovado pelo Dnit. Uma proposta havia sido apresentada pelo consórcio Camargo Corrêa/Construbase/M.Martins para a redução do custo da obra em R$ 40 milhões. A redução do valor é relativa ao concreto, mas resolve o problema do sobrepreço apontado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que é de R$ 40 milhões na mão de obra. A discussão no tribunal continua e isso não impede que a ordem de serviços seja entregue ao consórcio.

Matéria publica jornal Diário do Sul - http://www.diariodosul.com.br/?pag=noticias&cod=7549

E enquanto isso, a vida segue...

segunda-feira, 7 de maio de 2012

I Seminário de Gestão de Riscos Geológicos do Estado de Santa Catarina

Convidamos todos a participar no 1º Seminário de Gestão de Riscos Geológicos do Estado de Santa Catarina promovido pela Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental – ABGE.
O Seminário terá como tema central "Gestão do Risco Geológico e Prevenção - Ferramentas e Desafios", reunindo profissionais ligados às atividades de diagnóstico, prevenção, recuperação e pós-desastre, para analisar e discutir as experiências e resultados obtidos nos últimos anos, além de indicar quais serão os principais desafios a serem vencidos e definições de estratégias de políticas públicas e sociais para enfrentamento dos problemas no Brasil e em especial em Santa Catarina.
O público alvo deste seminário é amplo incluindo profissionais envolvidos com a prevenção e gestão de desastres ambientais, estudantes interessados na temática, Defesa Civil, empresas de consultoria e de engenharia, prefeituras e governo de SC.
O evento será realizado no Auditório Deputada Antonieta de Barros, dentro da Semana Estadual de Ações de Defesa Civil (dias 21 e 22 de maio de 2012).
Endereço: Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina – ALESC - Palácio Barriga Verde. Rua Doutor Jorge Luz Fontes, 310 - Florianópolis - Santa Catarina.
As inscrições são gratuitas e o programa do Seminário pode ser acessado no hotsite: http://www.abge.com.br/seminariosc/

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Sobre chuvas, tragédia e reconstrução

Sobre chuvas, tragédias e reconstrução vale uma lógica reflexão. Para as finanças, o economista e o contabilista. Para a saúde, o médico, o dentista e o enfermeiro.Para as leis, os juristas.É a lógica do conhecimento profissional, nada mais natural. Assim, é preciso compreender que, para o desenvolvimento urbano, tornam-se necessárias mais do que críticas ou elogios. Para a boa infraestrutura deve ser utilizada a cultura tecnológica, sendo imprescindíveis os procedimentos técnicos de engenheiros (diversas especialidades), arquitetos, urbanistas, geólogos e outros técnicos afins.

Existe, ainda, uma insuficiente percepção e valorização dos profissionais das áreas tecnológicas. Quando de alguns conflitos no mundo, já assistimos os aviões trazendo os engenheiros brasileiros que estavam projetando e construindo obras diversas e importantes. Aí a mídia mostra a capacidade da engenharia brasileira ser competitiva neste mundo global. Essa capacidade comprovada, lá fora, precisa ser melhor utilizada e valorizada aqui no Brasil.

A vontade política deve ser de valorizar e bem utilizar a tecnologia para melhoria e segurança da qualidade de vida do cidadão. Esse deve ser o exercício ideológico para atingir o resultado lógico. Uma filosofia de bem aplicar, por exemplo, a geotecnia e a hidrologia.

É impossível evitar as eventuais tragédias naturais, mas é possível minimizá-las para limites aceitáveis. As boas técnicas de engenharia devem permitir uma convivência mais harmônica do homem com a natureza. Não podem, no entanto, realizar milagres, isso é da alçada do Supremo Construtor.

Os problemas urbanos decorrem, a maior parte, não de falha técnica, mas da falta de técnica. Os engenheiros e profissionais afins precisam e podem colaborar através de conhecimento e trabalho profissional com criteriosos estudos e bem elaborados projetos para uma execução segura, viável e com qualidade. Queremos trabalhar e pavimentar um caminho melhor para o Brasil, drenando bem as águas para não deixar escorrer para o ralo os recursos públicos.

Texto de autoria de Paulo Cesar Bastos - Engenheiro Civil
Publicado Seção Artigos  - Jornal o Globo.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A quebra de paradígmas.



Segundo estimativas do Confea, o Brasil tem hoje cerca de seis engenheiros para mil pessoas economicamente ativas, enquanto os Estados Unidos e o Japão teem vinte e cinco engenheiros para cada mil trabalhadores. A Coréia do Sul, com um terço da população do Brasil, forma cerca de oitenta mil engenheiros por ano enquanto nós só graduamos cerca de vinte e seis mil profissionais. Embora as comparações sejam importantes não podemos esquecer as características próprias do Brasil. Precisamos, na nossa busca pelo desenvolvimento, encontrar os nossos próprios caminhos. A ampliação da procura pelos jovens das graduações nas áreas tecnológicas, no entanto, deve ser cada vez mais fomentada. A tecnologia brasileira precisa ser revalorizada e reconstruída, e não apenas apresentar-se como uma demanda de marcado. A boa formação universitária terá papel preponderante para melhoria desse aspecto, porem deve ser acompanhado, também, de uma mudança de mentalidade e conceitos. Como exemplo, o engenheiro deve passar a ser compreendido como o elemento-chave para o processo de condução das inovações tecnológicas aos setores econômicos da sociedade. Precisamos valorizar as ações, os produtos e processos e não somente as palavras. Interagir a universidade com a empresa desenvolvendo uma parceria saudável e desenvolvimentista implementando os modernos Cinco Caracteres da Competitividade, os 5C: Capacitação; Cooperação; Comunicação; Compromisso; Confiança.
Este novo contexto tecnológico exige mudanças no perfil do profissional de engenharia e, por tanto, no perfil da educação em engenharia. Comungo da ideia de que essa educação  deva centra-se na transmissão de um forte embasamento matemático e estatístico, além do enfoque moderno das áreas de atuação, contextualizado no universo da engenharia. Salvo os conteúdos ora citados, a educação em engenharia não deve focar demasiado em conteúdos, como é tradicionalmente, mas sim em garantir que o futuro profissional aprenda a aprender sozinho, evitando-se a obsolescência prematura. É interessante que este futuro profissional seja treinado para saber avançar no desconhecido. Seu período de graduação deve lhe proporcionar familiaridade com a metodologia da pesquisa e do desenvolvimento experimental, com os ambientes multitemáticos tais como seminários, revistas, redação técnico-científica, legislação de propriedade intelectual, pautados em valores éticos fundamentais.
Esta mudança de paradigma exigirá mudanças no modelo organizacional dos cursos, cujo foco tem de deixar de ser o ensino e passar a ser a aprendizagem. Esta pode ser é a saída para que e educação em engenharia possa formar profissionais adequados à nova realidade.

terça-feira, 1 de maio de 2012

A inversão de VALORES e a importância da

Senhores, há muito escrevo e compartilho com vocês leitores, sobre o resgate da valorização profissional. Pois bem, dia destes em meus momentos rotineiros de leitura, tive a oportunidade de ler um artigo escrito por Milton Golombeck - Presidente da Associação Brasileira de Empresas de Projetos e Consultoria em Engenharia Geotécnia -, o qual gostaria de compartilhar.

" Vivemos em uma sociedade na qual são valorizados predominantemente as aparências e o glamour. Modelos, cantores, atores e atletas se sobrepõem, com seus valores, a outros valores essenciais ao progresso da condição humana e à melhoria da qualidade de vida. Mas o problema não é apenas brasileiro; é fenômeno universal, com algumas raras exceções.
Mas não se pode esquecer que basicamente tudo o que utilizamos em nosso dia a dia - meios de transporte, tais como rodovias, ferrovias, aeroportos, edifícios residenciais, espaços para abrigar hospitais, escolas, centros culturais etc., tudo isso são projetados pela inteligência de arquitetos e engenheiros. A Engenharia, em meu entendimento, é a maior responsável pelo progresso da humanidade em todos os campos do conhecimento humano.
O futuro não depende das celebridades, muitas das quais alegram e satisfazem o nosso dia a dia, mas, sim, dos cientistas, pesquisadores em todas as áreas, tecnólogos e engenheiros que continuam a construir as condições para um futuro melhor.
Na mesma semana em que os jornais, revistas e TVs gastaram páginas e horas para mostrar e comentar as roupas e joias usadas na entrega do Oscar, foi dado o prêmio Russ Prize - equivalente ao Nobel de Engenharia - para os engenheiros Earl Bakken e Wilson Greatbatch. Contudo, nenhum comentário apareceu na mídia a respeito disso. E essas personalidades, foram os inventores do marca-passo. Graças a elas, atualmente mais de 4
milhões de pessoas estão vivas. São instalados mais de 400 mil marcapassos por ano no mundo.
Na inauguração das grandes obras de Engenharia costumam aparecer as autoridades eventualmente de plantão. Mas os nomes dos engenheiros e dos projetistas que as projetaram e construíram, invariavelmente são negligenciados e esquecidos. Quando muito, são divulgados nos nomes das construtoras.
Nos folhetos de venda dos imóveis e coquetéis de lançamentos aparecem os paisagistas, decoradores de interiores e imobiliárias. Mas não aparecem os nomes das empresas de Engenharia envolvidas nos projetos de estruturas, fundações e instalações. A Engenharia é encarada quase como um mal necessário.
Só somos lembrados quando ocorrem catástrofes e acidentes em obras. Nestas horas, todos querem identificar os engenheiros responsáveis. É nossa, a responsabilidade de mudar este quadro, valorizando nossa profissão, fazendo com que as conquistas da Engenharia sejam reconhecidas e deixem de ficar em terceiro plano. Esta falta de reconhecimento e valorização tem consequências diretas nas remunerações dos serviços de Engenharia.
As imobiliárias, que não tem nenhuma responsabilidade pelas edificações, nem pelo seu desenvolvimento, recebem 6% do valor geral de vendas (VGV) enquanto todos os projetos de engenharia da obra somados representam no máximo 2% do VGV. Pior: ninguém discute os gastos com corretagem. Em compensação discutem os custos de projeto e das soluções de Engenharia. Trata-se de uma total e absoluta Inversão de Valores!
Com o crescimento da economia no Brasil, cada vez mais a nossa profissão será necessária. Com mais de 40 anos de atividade, passando por vários planos econômicos, posso afirmar que escolhi a profissão ideal. Precisamos de mais engenheiros e tecnólogos urgentemente. A valorização da profissão fará com que mais estudantes se interessem em entrar num dos campos mais desafiadores e gratificantes das atividades humanas: a Engenharia! "