terça-feira, 17 de agosto de 2010

Seus problemas acabaram !

Roberto Caproni (dentista mineiro, que escreve excelentes livros sobre marketing para a área da saúde) diz, num dos seus artigos, que "a escola da vida é uma excelente escola. O problema é que as mensalidades são muito altas e paga-se primeiro para se aprender depois. Na imensa maioria das vezes aprende-se muito depois!". Noutro artigo ele diz que "O único problema da escola da vida é que ela mata todos os seus alunos no dia da formatura.".

Pois agora, "seus problema se acabaram!". O Governo do Brasil vai dar diploma da escola da vida. E os formandos não precisam morrer pra isso!
Foi notícia do fim-de-semana: trabalhadores que há muito tempo desempenham uma função, mas não têm diploma que comprove sua formação podem se inscrever no Programa Certific, a partir desta segunda-feira (16/08/2010). As inscrições vão até 10 de setembro. O Certific é uma parceria dos ministérios da Educação e do Trabalho e Emprego. Inicialmente, serão reconhecidos profissionais das áreas de música, pesca e aquicultura, turismo e hospitalidade, construção civil e eletroeletrônica (é aqui que nós entramos). Tanto as inscrições quanto a própria certificação e emissão de diplomas é gratuita. Os interessados devem procurar o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia mais próximo.
Eu não sei quanto a vocês, mas eu acho isso O FIM DA PICADA!!!
É a consagração da preguiça. Da busca pelo atalho. Será que o brasil não vai parar com isso nunca?
Já não basta permitir que um jovem de apenas 18 anos faça supletivo do ensino fundamental e médio.
Como é que nós queremos estimular nossos jovens (o maior patrimônio do país) a estudar se de vez em quando mostramos pra ele que esse sacrifício é bobagem. Que o mesmo resultado poderá ser obtido por um atalho qualquer?
Um curso técnico de Construção Civil ou de Eletrotétnica (no Brasil) geralmente é dado em boas escolas, com bons alunos e professores competentes e rigorosos. Não é fácil obter um desses diplomas. Muitos jovens entram nessas escolas e não conseguem ir em frente, por incapacidade, ou por falta de disposição e vontade (ou pura preguiça!). Alguns deles abandonam a escola e entram no mercado de trabalho. Vão "botar a mão na massa" e trabalhar na área.
O que o governo está dizendo agora é que essa pessoa, que não conseguiu ou não quis fazer o curso técnico poderá obter o mesmo diploma daqueles que ficaram lá por quatro anos, se preparando para serem profissionais mais qualificados e com conhecimentos teóricos sobre o assunto.
A coisa tá feia, amigos! Logo logo o governo vai dar diploma de médico para quem exerceu o curandeirismo por mais de 20 anos. E título de professor para quem tiver trabalhado por mais de 15 anos no setor de fotocópia de alguma universidade.

Este texto é autoria de Ênio Padilha
ENG. ÊNIO PADILHA (Msc. Adm.)

www.eniopadilha.com.br - ep@eniopadilha.com.br

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Material Complementar Mecânica dos Solos I

Segundo J.A.R. Ortigão, A definição do que é solo depende em muitos casos de quem o utiliza. Os agrônomos, por exemplo, o vêem como um material de fixação de raízes e um grande armazém de nutrientes e água para as plantas.
Para o geólogo de mineração, a capa de solo sobrejacente ao minério é simplesmente um material de rejeito a ser escavado. Para o engenheiro civil, os solos são um aglomerado de partículas provenientes de decomposição da rocha, que podem ser escavados com facilidade, sem o emprego de explosivos, e que são utilizados como material de construção ou de suporte para estruturas.
Como material de construção e de fundação, os solos têm grande importância para o engenheiro civil. Nas
barragens de terra, nas fundações de estruturas, o solo – assim como o concreto e o aço – está sujeito a esforços que tendem a comprimi-lo e a cisalhá-lo, provocando deformações e podendo, eventualmente, levá-lo à ruptura.


Para baixar material complementar, clique no link abaixo.





Pedologia no Brasil

As bases da Pedologia, ramo do conhecimento relativamente recente, ou Ciência do Solo como também é chamada, foram lançadas em 1880 na União Soviética por Dokuchaiev, ao reconhecer que o solo não era um simples amontoado de materiais não consolidados, em diferentes estádios de alteração, mas resultava de uma complexa interação de inúmeros fatores genéticos: clima, organismos e topografia, os quais, agindo durante certo período de tempo sobre o material de origem, produziam o solo.
A preocupação inicial de Dokuchaiev, de cunho pedológico - explicar a formação dos solos e estabelecer um sistema de classifi cação - era, sem dúvida, uma preocupação oportuna em defi nir uma nova área de estudo e delimitar-lhe o espaço dentro do contexto do campo da Ciência. A expansão dos estudos pedológicos decorreu, em grande parte, da necessidade de:
- corrigir a fertilidade natural dos solos, depauperada ao longo dos anos de exploração agrícola e agravada pela erosão;
- elevar a fertilidade natural de solos originalmente depauperados;
- neutralizar a acidez do solo;

A classificação de solos no Brasil tem sido matéria de interesse, essencialmente motivada pela necessidade decorrente de levantamentos pedológicos, os quais, por sua natureza, constituem gênero de trabalho indutor de classificação de solos, aplicados em diferentes áreas.

Para baixar a versão digital deste manual, clique no link

http://www.4shared.com/document/3-TGwWqa/Manual_Tecnico_Pedologia.html

Obs.: Este texto é parte integrante do Manual de Pedologia.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Geração Frankenstein.

Segundo um ditado popular, quem não lê não escreve!.

Também é fato que estamos vivenciando um momento de transição nos meios de comunicação, afinal, quando foi a ultima vez que o caro leitor inseriu uma carta no correio? Muitas de nossas crianças nem sabe qual a função do correio.

Pois bem. O fato é que somos diariamente bombardeados por informações em tempo real, disseminadas de maneira agressiva em nosso cérebro. Até pouco tempo atrás, e bem pouco tempo mesmo, a grande dificuldade era encontrar a informação. O acesso era difícil, movia-se o mundo para conseguir acesso a um artigo técnico, por exemplo. Hoje é o contrário. A informação esta ali, à disposição 24 horas por dia. Houve por tanto, uma mudança em nosso cotidiano. Nos dias atuais, a dificuldade não é em buscar a informação, mas sim, em o que fazer com ela, como filtra-la, como maximizar seu resultado. No entanto, na contramão de evolução, qual o motivo de nossos jovens estudantes possuírem tamanha dificuldade em expressar suas idéias de maneira escrita ?

O acesso rápido a informação, em minha humilde opinião, acaba diminuindo a capacidade de discernimento do leitor, pois se ele não entendeu determinado texto ou opinião, basta digitar “palavras chaves no google”, que alguma resposta imediata aparecerá, ou seja, não precisa pensar, raciocinar, refletir sobre o tema. Isso é coisa do passado. O que eu preciso saber é: digitar no “google”.

Sinto que estamos repetindo a saga de Victor Frankenstein, pois nossa atual “estrutura educacional” baseada em índices ou indicadores, formam indivíduos que sabem ler e escrever, mas continuam analfabetos funcionais, pois não sabem ou não são estimulados a pensar. E assim, a vida segue...

sábado, 20 de março de 2010

O Engenheiro Taylor

Corria o ano de 1879 em Filadélfia, estado da Pensilvânia, EUA. O jovem chefe de seção das oficinas de construção de máquinas Midvale Steel Company, estava tentando resolver um grande problema: a galeria subterrânea por onde se escoavam os detritos da fábrica entupiu. O esgoto ficava a uma profundidade de sete ou oito metros e corria por baixo da fábrica.
Fred (o nosso homem) enviou um grupo de trabalhadores para limpar o esgoto. Os homens puseram-se a trabalhar utilizando varas, emendadas umas as outras, mas não conseguiam sucesso. Por fim desistiram. Disseram ao chefe que o trabalho era impossível de ser resolvido e que era necessário abrir uma vala e pôr o esgoto à descoberto. Isto paralizaria o serviço na fábrica por vários dias.
Fred tomou então uma decisão típica do seu temperamento: decidiu ele mesmo limpar o esgoto. Sozinho.
Tirou a própria roupa, amarrou sapatos nos cotovelos e nos joelhos, para proteger-se e meteu-se nos canos. Por várias vezes teve de levantar o nariz na curva da manilha para não se afogar. Avançou engatinhando pela escuridão, por mais ou menos cem metros de lodo. Por fim encontrou a causa da obstrução, removeu-a e voltou pelo mesmo cano. Saiu coberto de sujeira, mas vitorioso.
Seus colegas de trabalho acharam aquilo uma palhaçada e riram-se à vontade. Mas o presidente da Companhia, percebendo que a empresa havia economizado alguns milhares de dólares, relatou o caso ao Conselho Administrativo e Fred foi promovido.
Fred já estava a caminho de se tornar Taylor. Frederick Winslow Taylor, que nascera em Germantown, suburbio de Filadélfia, em 20 de março de 1856 e viria a se tornar um dos engenheiros mais importantes do mundo na sua época e a "inventar" a Administração Científica.
Antes de Taylor, a administração das fábricas era feita pelos próprios empregados, de maneira totalmente empírica e sem nenhum controle por parte da direção das empresas. A produtividade era baixa principalmente porque os sindicatos adotavam a filosofia de que quanto menos os empregados produzissem mais garantidos estariam seus empregos (por incrível que pareça, isso funcionava).
Taylor havia se preparado, até os 18 anos, para ser advogado (como era o desejo de sua família), mas problemas de saúde o afastaram dos estudos e ele resolveu ser aprendiz de mecânico por 4 anos (isso também era muito comum naquela época).
Depois foi admitido como mecânico na Midvale Steel Company, onde o encontramos já como chefe de seçao (e sendo promovido).
Formou-se Engenheiro pelo Stevens Institute, em 1885, depois de cinco anos estudando pelas noites adentro e aos domingos (naquela época trabalhava-se seis dias por semana).
Por conta de sua genialidade e de atitudes como a descrita no início deste artigo, Taylor teve uma carreira espetacular na Midvale Steel Company: em menos de seis anos passou de mecânico recém-contratado a Diretor de Fábrica (E isto não era nada comum naquela época).
Inconformado com os métodos e modelos de administração existentes Taylor desenvolveu estudos científicos durante 30 anos até publicar, em 1911, seu mais famoso livro, "Princípios de Administração Científica", referência obrigatória de qualquer curso de Administração em qualquer país do mundo. Seu método revolucionário teve, na sua época, grande oposição de muitos segmentos da sociedade, principalmente dos sindicatos que acreditavam que o novo sistema seria contrário aos seus interesses.
A Administração Científica proposta por Taylor venceu esses obstáculos não por ser melhor do que os sistemas anteriores, mas por ser muito, muito, muito melhor do que os sistemas anteriores. Era impossível, mesmo aos mais recalcitrantes deixar de reconhecer que Taylor tinha razão.
Pelo novo modelo proposto, as empresas aumentavam consideravelmente sua produção, os empregados ganhavam salários mais altos e os produtos ficavam mais baratos para os compradores.
Taylor tinha muitas qualidades típicas dos engenheiros. Mas tinha também alguns defeitos típicos da profissão. Era rabugento e há diversas passagens de sua biografia que se referem à maneira rude e grosseira com que ele lidava com os empregados e (sejamos justos) também com os superiores. Pavel Gerencer, autor de uma de suas biografias, afirma que “sua linguagem era vivaz e descritiva. Soltava palavrões. Nada tinha de urbanidade ou cortezia”
Tudo isso, no entanto, já está perdoado, pois o saldo de sua passagem foi altamente positivo. Além do mais, nesta semana ele está de aniversário: (20 de março - 154 anos!)


Obs.:(este artigo foi publicado dia 20/03/2006, quando Taylor completaria 150 anos. Diversos jornais e websites brasileiros reproduziram o texto)

quarta-feira, 17 de março de 2010

Caracterização geológico/geotécnica da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar.

Na área correspondente à bacia hidrográfica do Rio Tubarão, ocorre uma variedade muito grande de tipos litológicos. O embasamento cristalino é composto de rochas granito-guináissicas do denominado Complexo Taboleiro e de granitóides tardi a pós-tectônicos. A partir da cidade de Lauro Müller, seguindo-se em direção a Bom Jardim da Serra, pode-se verificar em detalhes toda a seqüência de rochas sedimentares e vulcânicas que constituem a estratigrafia da borda leste da Bacia do Paraná.

Na região costeira, também ocorre uma diversidade enorme de depósitos de areia, silte e argila, relacionados a processos marinhos e continentais.

Com relação a rochas sedimentares, que constituem a seqüência gonduânica da borda leste da Bacia do Paraná, destacam-se as formações Rio Bonito e Rio do Sul por serem estas as que apresentam freqüentes camadas de arenito com boas perspectivas de conterem água. No caso da Formação Rio do Rastro (terço superior) e Formação Botucatu, que constituem excelentes aqüíferos em outras regiões do Brasil, aqui na área correspondente à Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão isto não acontece pelo fato de as referidas formações aflorarem nos bordos dos platôs e, portanto, atuarem somente como áreas de recarga das unidades aqüíferas subjacentes.

Devido à topografia forte ondulada predominante em grande porção da área da bacia, os depósitos de tálus são muito freqüentes. Trabalhos de fotointerpretação e posteriores cheques de campo, demonstram claramente, que existem dois tipos distintos de depósitos de encosta: depósitos de tálus relacionados às encostas dos platôs e depósitos de tálus relacionados às encostas de elevações graníticas.

Litologicamente são constituídos por materiais hetorogêneos, com abundantes blocos ou matacões de rochas areníticas ou basálticas, imersos caoticamente em uma matriz areno-argilosa, de cor cinza-avermelhada. Nas proximidades de Jaguaruna e Tubarão, pode-se verificar que estes tálus apresentam espessura superior a 10m e são constituídos por material heterogêneo, onde ocorrem blocos ou imensos matacões de rochas graníticas, disseminados caoticamente em uma matriz areno-argilosa de cor vermelha. Nos locais onde o relevo é forte ondulado, ocorrem verdadeiros campos de matacão na porção superficial destes depósitos de tálus.

Obs.: Parte integrante do Diagnóstico da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar.
        

quinta-feira, 4 de março de 2010

Segredos do Solo.

Nada substitui o trabalho de pegar o solo com a mão. A frase de Victor Froilano Bachmann de Mello revela a essência do trabalho de um dos mais experientes professores e projetistas de fundações em atividade no Brasil. Ele, um engenheiro civil-geotécnico, critica os projetos serem feitos quase só pelos engenheiros estruturais. "São profissionais generalistas muito importantes a quem servimos, que aplicam fórmulas e não respeitam as especializações." Mello acha um exagero a opção indiscriminada, quase geral, por fundações profundas, que oneram o empreendimento e empobrecem a sociedade. Não faltam críticas também às normas, especificamente as de sondagem, segundo ele, talvez a etapa mais importante da análise de projeto de fundações. Redigidas há mais de 50 anos para São Paulo, as normas desconsideram as características do solo de regiões como a de Santos, no litoral paulista, onde predominam argilas moles, escorregadias e plásticas. A vasta experiência do engenheiro na execução de barragens o faz criticar soluções como o rebaixamento da calha do rio Tietê, em São Paulo que, de acordo com ele, será ineficaz no futuro. A construção de túneis sob o rio seria mais eficiente, segundo o especialista, porque consideraria o aumento do volume de água nos próximos anos.

Como os softwares podem ajudar na execução de um projeto de fundações? É aconselhável esse tipo de recurso em todas as etapas de projeto?

Software é apenas um meio. Felizmente e Oxalá, o último deles. Qualquer pessoa que começar um projeto diretamente pelo software está cometendo um engano. O primeiro cálculo deve ser feito à mão para que a pessoa possa sentir o problema. O primeiro passo que deve ser tomado é calcular os pilares máximo, médio e mínimo à mão, para que se possa sentir a ordem de grandeza com que se está lidando. Nesse sentido, a régua de cálculo é um instrumento que dá uma precisão mais do que necessária para a engenharia civil. A partir daí, o software deve ser usado para tornar o processo mais rápido e direto. E só.

Qual a medida de desaprumo considerada aceitável num edifício em virtude de recalque de solo?

Depende de quem aceita e dos equipamentos disponíveis. A Torre de Pisa até tem sua inclinação convidativa para turismo. Em 1960, raciocinávamos em função do elevador, que não permitia mais do que 1% de inclinação. Já em Santos essa é uma questão jurídica. Qual a responsabilidade de quem constrói um prédio que prejudica o prédio vizinho? O recalque afeta e põe em risco outras edificações.


Obs.: Matéria publicada na revista Técnhne, edição 83 de janeiro de 2006.
         Em interesse pelo artigo completo, solicite via e-mail.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Projeto de lei prevê criminalização por erros de construção.

Apresentado em agosto de 2009 pelo deputado federal Mauricio Rands (PT-PE), está em tramitação pelo plenário o projeto de lei que criminaliza o responsável por erros em projeto ou obra na construção civil, independente de haver desmoronamento ou não. O autor do erro ficaria sujeito à reclusão de um a quatro anos mais multa. Segundo o projeto de lei, que altera o artigo 256 do Código Penal, será considerado crime a exposição de “perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, em razão de erro no projeto ou na execução da construção”. Caso o crime seja culposo, a pena seria detenção de seis meses a um ano. No texto atual, a criminalização e pena ocorrem somente se houver desabamento ou desmoronamento. Segundo texto do projeto do deputado pernambucano, a atuação da seara civil em casos de interdição sem fatalidade ponta para uma “benevolência da legislação”. Em enquete realizada no site da PINI em janeiro, 23,5% acreditam que este projeto “vai limpar o mercado”, e 22,4% acreditam que “tem que mudar as normas antes”. Os quesitos menos votados foram que o projeto “não vai passar” com 12,7%, e “nunca ouvi falar”, com 11,6%.

Obs.: Matéria publicada na revista Téchne, edição 155 de fevereiro de 2010.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O Pensar do Engenheiro

Publicado há mais de um quarto de século por Ernest Schumacher, em seu instigante texto O maior recurso, a educação, o autor faz uma crítica corajosa ao ensino de engenharia:

[...] os cientistas nunca se cansam de dizer-nos que os frutos de seu trabalho são “neutros”: se enriquecerão ou destruirão a humanidade dependerá de como forem utilizados. E quem vai decidir como serão utilizados? Nada existe na formação de cientistas e engenheiros que os habilite a tomar semelhantes decisões.[...]

Reflexões a parte, o fato é que a engenharia é um instrumento de cidadania, e que pode ser utilizada para “infernizar” a vida de todo um grupo social ao invés de trazer prosperidade. Simplifico este raciocínio, utilizando uma metáfora de Fernando Pessoa, “ A luz que ilumina também pode cegar”.

É inquestionável que informação é imprescindível para que se possa chegar ao conhecimento. Contudo, não é qualquer informação que pode gerar conhecimento. Afinal, nos dias de hoje, somos frequentemente bombardeados por informações em tempo real, e precisamos desenvolver maneiras e técnicas de filtrar-las. Para que se possa atingir o conhecimento são necessários infatigáveis esforços de reflexão, correlação e depuração das informações.

Na singela visão do autor que vos escreve, apenas com o exercício e prática da leitura, é que conseguimos desenvolver estas habilidades cognitivas, que serão refletidas na maneira como oramos ou dissertamos.